Inicialmente cotado para disputar uma vaga na Câmara Federal, sendo inclusive uma das fortes apostas do seu partido, o PSB, Victor Coelho deve enfrentar resistência entre aliados que já consideram o projeto dificílimo para o ex-prefeito de Cachoeiro de Itapemirim. Os motivos são vários.
O primeiro é o saldo eleitoral de 2024. O fraco desempenho da candidata Lorena Vasques (PSB), mesmo com a força da máquina administrativa, é o primeiro sinal de alerta. Apesar de o Victor ser o Victor, eleito e reeleito com folgas, a fotografia final do seu governo não foi boa, sobretudo o desgaste com a não conclusão da macrodrenagem. Isso atrapalhou muito ela e vai atrapalhá-lo também.
Outro fator que vem sendo avaliado no meio político é o esfacelamento do grupo de vereadores que foi eleito nas asas do projeto socialista. Dos 11 eleitos que compuseram a tríade PSB, PDT e PSDB, uma conta simples atualmente mostra que caso Victor se aventure à Câmara Federal, hoje nenhum desses estaria com ele. Mas, se focar na Assembleia, pode reagrupar parte.
Soma-se ainda a esses dois raciocínios iniciais a possibilidade de um embate ainda maior entre o grupo ferracista, que hoje governa Cachoeiro, com o grupo socialista. O clima nos bastidores não é bom desde o primeiro dia de governo do prefeito Ferraço (PP) e a aposta é que irá piorar nos próximos dias. Isso pode gerar desgaste a Victor. Vem tempo ruim aí, disse um marinheiro da política cachoeirense.
Para finalizar, existem as pré-candidaturas socialistas de Thiago Hoffman e Emanuela Pedroso, secretários estaduais de Saúde e Governo, respectivamente. Ambas vê comendo pelas beiradas os redutos do PSB na região Sul e isso atingirá em cheio Victor Coelho, caso ele insista em disputar a Câmara Federal.
O ideal, avalia-se, é que o ex-prefeito associe-se a um desses nomes (ou aos dois) onde for possível, formando assim uma dobradinha e desça para deputado estadual. Em tese, seria um caminho mais fácil para que adquira um mandato futuramente e se fortaleça para disputar a prefeitura de Cachoeiro em 2028.
O que é certo no bastidor é que aquela ideia inicial de uma dobradinha Victor e Lorena, para Câmara e Assembleia, ou vice-versa, não tem a menor razão de ser, e seria suicídio eleitoral para o ex-prefeito e atual secretário estadual de Turismo.
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Está cada dia pior o clima político em Marataízes. O grupo do atual prefeito Toninho Bitencourt (Podemos) e do ex-prefeito Tininho Batista (PSB) prometem grandes enfrentamentos de agora em diante.
A semana iniciou com uma entrevista do ex-prefeito onde não economizou críticas a atual gestão. A bronca maior dele é saber sobre as dívidas que deixou, ou teria deixado, no montante de R$ 150 milhões, segundo números da nova administração.
O caso está na justiça. E no pedido, Tininho pergunta o nome dos fornecedores e os valores devidos a cada um. Ainda não foi respondido. Pelo que se entendeu da entrevista, o ex-prefeito não nega que tenha deixado de honrar compromissos. O que lhe incomoda é o montante divulgado. Seriam números infinitamente menores.
Por outro lado, aposta-se que o revide será nas contas do ex-prefeito que ainda serão votadas na Câmara Municipal. Este ano serão duas. O relatório está sendo preparado e a Câmara Municipal deve seguir o parecer do Tribunal de Contas que é pela rejeição das mesmas.
Uma águia nesses assuntos diz que o problema dessas contas rejeitadas está em uma palavra: dolo. E nos dois relatórios constam. Se a Câmara afastar o dolo o ex-prefeito não fica inelegível. Isso é possível, com muita articulação. Porém, dificilmente os vereadores irão contra o parecer prévio do Tribunal que é pela rejeição. E o revide está exatamente aí. Há quem aposte que o grupo atual articule o pior cenário nessas votações para deixar o futuro político de Tininho cada vez mais nebuloso.
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“Deus, grande Deus / Meu destino bem sei foi traçado pelos dedos teus” – Grande Deus (Cartola)