Política de Marataízes

O sorriso discreto debaixo do bigode de Toninho Bitencourt

Toninho Bitencourt (Podemos) sem retrovisor. Sem olhar para trás. Foi isso que percebi na entrevista coletiva realizada pelo prefeito de Marataízes para falar dos seus primeiros 30 dias.

Com um orçamento de R$ 420 milhões para trabalhar esse ano e com uma população aproximada de 42 mil, o prefeito vai poder dar sequencia na transformação que Marataízes tem vivido nos últimos anos… tranquilamente.

Toninho não ficou a lamentar o que passou em relação ao governo anterior. Tanto que sequer tocou no nome do antecessor. Estava de bom humor, de bem com a vida, posso dizer. Quando diz que exite um déficit de R$ 150 milhões, não entendo como algo choroso, mas uma constatação. É preciso dizer, como disse, o que não significa choro em cima da mesa. Diz, necessariamente, e, em seguida, toca a bola para frente, como tocará inexoravelmente.

Sua crítica mais contundente tratou-se da obra realizada na Lagoa do Meio. Sobre isso, ainda teremos cenas dos próximos capítulos a conferir. Foram palavras duras onde chegou a dizer categoricamente que “o colega de partido do governador” enganou o governador ao inaugurar uma obra mal feita. Só para registro: Tininho Batista, ex-prefeito, é do PSB, partido de Casagrande. Parou aí.

Porém sua equipe não deixou de espetar o passado quando o assunto foi gestão. A secretária de Fazenda Valquíria Goulart lembrou que houve uma queda de arrecadação lá em 2023 e que teria faltado cuidado do quem estava no comando quando não efetuou cortes de gastos. O Tribunal de Contas recomendou e o ex-prefeito não fez.

Porém, a própria secretária lembrou com otimismo que a atividade da nova plataforma Maria Quitéria somada à Jubarte darão bons frutos, e no mês de março se observará as melhoras de orçamento. E lá para junho as perspectivas de arrecadação dos royalties devem estabilizar os cofres.

Em síntese, as palavras tranquilizadoras da secretária correspondem ao bom humor de Toninho. Um paralelo: quando saiu no último ano do seu último mandato, há 16 anos, o prefeito administrou com R$ 34 milhões. Nesse ano ele terá R$ 420 milhões. A população aumentou, a cidade cresceu, os problemas são outros, mas há dinheiro abundante para quem se intitula “bom gestor”. Logo, as expectativas são ótimas.

Outro ponto a ser falado em relação a esse primeiro contato do prefeito com a imprensa: a demonstração de união de Toninho com sua equipe, com seu vice-prefeito William Duarte (MDB) e com o presidente da Câmara de Vereadores, Erimar Lesqueves (MDB).

O prefeito não monopolizou a coletiva. Deixou jornalistas à vontade para falar e direcionar as perguntas a qualquer secretário. Ou seja, deu liberdade e autonomia para que cada qual fale por sua respectiva pasta.  Isso mostra confiança na equipe, e união política também. Parece coisa simples, mas nem sempre se vê por aí.

O próprio espaço dado ao vice-prefeito, colocado o tempo todo como seu braço direito, já mostra um diferencial deste governo. Wilhiam não será figurativo. Será figura importante na gestão, proporcionalmente ao tamanho que igualmente teve na campanha que levou o prefeito ao poder.

A presença do presidente da Câmara na mesa, bem ali na frente, demonstra também que o prefeito terá nos vereadores bons aliados. Erimar foi prestigiado. Não foi apresentado apenas como mais um na coletiva. Foi chamado para estar ao lado do prefeito, do vice e da secretária de Fazenda. Parece nada demais, mas para bons entendedores da política isso é um sinal relevante.

Por fim, destaca-se o papel que o secretário de Administração João Batista terá no governo de Toninho. Ele, que foi crucial na campanha do prefeito, certamente também será no mandato. Estava na primeira fileira próximo ao prefeito e foi o único, além da secretária de Fazenda, a fazer uso do microfone, destacadamente. Para bons entendedores, são sinais perceptíveis.

Por falar em percepção, poucos perceberam, mas bem debaixo do bigode de Toninho Bitencourt havia um sorriso discreto de felicidade, de quem sabe que será bem sucedido no mandato. Tem experiência administrativa, tem dinheiro, ambiente político favorável e, ao que parece, tem uma equipe unidade. A conferir se a felicidade se concretiza ao longo dos anos. Mas como a primeira impressão é a que fica, pode-se dizer que ela é boa. Ainda que discretamente, é um sorriso feliz de quem volta para cumprir o destino de um segundo mandato, interrompido numa reeleição mal sucedida há quase 20 anos.

Na fotografia estão todos felizes, diria o maestro soberano Tom Jobim. E essa primeira impressão é a que fica. E ela é boa, como é boa a brisa mansa do mar de Marataízes.

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