Juninho Corrêa, “o homem que virou suco”
Espremido igual carne antes de virar linguiça, o vereador e pré-candidato a prefeito de Cachoeiro Juninho Corrêa (PL) está sendo engolido pelo próprio sistema que ajudou alimentar dentro do seu partido. Está sendo fritado internamente, num processo político que vai culminar na sua saída. Se onde há fumaça há fogo, inegável dizer que essa fervura não é de agora e vinha esquentando desde o ano passado. Pessoas mais próximas do vereador já haviam sido alertadas que rumores indicavam que dentro do PL circulava o desejo de substituir sua pré-candidatura pela do outro vereador da sigla, o Léo Camargo. O motivo dessa troca seria o estilo mais agressivo do Léo Camargo, que mesmo com algumas denúncias vazias e sem provas contra a gestão Victor Coelho (PSB), agradava mais aos eleitores bolsonaristas que Juninho. O agora ex pré-candidato, marinheiro de primeira viagem no mundo político, acreditou demais no próprio sistema que alimentou. Como diria Noel Rosa num samba, “…e também morreu por ter pescoço, o inventor da guilhotina de Paris”. Juninho perdeu a cabeça de chapa do PL, já que todos os movimentos foram feitos no sentido de ser candidato. Tonto, abatido e muito decepcionado pelo movimento da cúpula do PL de Cachoeiro, amigos já temem que nem dispute as eleições mais. Estaria sem ânimo, sem rumo, até mesmo para seguir para outro partido. Desacreditou do sistema ao ser esmagado por ele. Está parecido com o personagem idealista do clássico filme brasileiro “O homem que virou suco”, que foi espremido igual uma laranja pelo sistema cruel que imperava (e impera) na sociedade brasileira. Juninho Corrêa é pessoa de bem, mas é carrasco e vítima de si mesmo, porque ajudou a alimentar cegamente tudo isso que hoje se virou contra ele. Então, que isso sirva para reavaliar seus ideais de vida, seus conceitos ideológicos, e seus próximos passos políticos. Caso eles ainda existam. ******************************************************************* “Tá rebocado meu compadre / Como os donos do mundo piraram / Eles já são carrascos e vítimas / Do próprio mecanismo que criaram” – As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor (Raul Seixas)
Derrubador de gigantes, Casteglione avisa: “Serei candidato em qualquer cenário”
Em conversa recente com um personagem do primeiro time político do Espírito Santo – desses que ninguém faz movimento de candidatura sem consultá-lo –, Carlos Casteglione (PT), hoje pré-candidato a prefeito de Cachoeiro, deixou claro que vai disputar as eleições desse ano. O interlocutor fez breve leitura de cenário, e elencou vantagens e desvantagens que ele pode enfrentar caso realmente dispute. Ouviu e respondeu: “Quero disputar no melhor cenário possível, mas serei candidato em qualquer cenário”. De fato, os movimentos de Casteglione indicam isso. Tem se articulado, mesmo compreendendo as dificuldades de um petista disputar as eleições em uma cidade cujo eleitorado tende a ser de direita. Em seu favor, do ponto de vista externo, tem o fato de Lula ser novamente o presidente de República. Isso dá um gás a mais, embora o que conta mesmo é a desenvoltura do próprio candidato. Um fator interessante e que pode pesar negativamente para ele vem do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número de habitantes cachoeirenses caiu, e dentro do PT nacional existe uma estratégia de privilegiar candidaturas em cidades acima de 200 mil habitantes. Então, pode ser que não tenha o mesmo apoio financeiro da direção nacional, como em outros tempos em que se elegeu. Mas, vale lembrar que Cachoeiro ainda é uma cidade importante no ES. Isso conta. Favoravelmente pesa a experiência de ter governando por dois mandatos. É um político experiente. Certamente o mais experiente entre todos que vão disputar. Aliás, muita gente quer disputar e a divisão do eleitorado permite que ele sonhe alto. Mantendo pelo menos 5 candidaturas competitivas, indica-se que o vencedor possa ser eleito com um índice baixo de votos. Resumo do resumo, não se deve duvidar dos movimentos de Casteglione. Trata-se de um vencedor da política cachoeirense. Derrubador de gigantes. Venceu de uma vez só em 2008 Ferraço, Valadão e Zé Tasso, então imbatíveis. Derrotou o promissor político Glauber Coelho em 2012. Eleito e reeleito prefeito em duas disputas épicas. Os tempos são outros, sim. Mas Casteglione, gostem ou não, é um vencedor da política cachoeirense. Já perdeu e ganhou eleições. É experimentado, conhece o eleitorado cachoeirense, conhece a cidade e o seu público. Não é nome que se descarte de véspera, ante de começar o jogo. E está de volta. **************************************************“ Mas eu agradeço ao tempo / O inimigo eu já conheço /Sei seu nome, sei seu rosto, residência e endereço / A voz resiste, a fala insiste, você me ouvirá / A voz resiste, a fala insiste, quem viver verá” – Belchior (Não Leve Flores)
As mexidas de Victor Coelho dão novo fôlego ao governo
Não são apenas mexidas para oxigenar a máquina municipal. Olhando com lupa, além de buscar melhorar o desempenho administrativo, objetivo de todo mandatário, o prefeito Victor Coelho (PSB) começa se organizar para o embate eleitoral. E o faz primeiramente dentro de casa, dentro do seu partido. Mas antes, sobre melhorar a administração, tecnicamente a entrada de Diti (Dietrich Kaschner) na recriada Secretaria de Desenvolvimento foi uma grata surpresa. O empresário, conhecido em Cachoeiro pelo seu trabalho na Cimef sempre dialogou bem no setor produtivo, com ideias avançadas e que podem contribuir muito com o município. Na Secretaria de Mobilidade Urbana entra Victor Rabbi. Com bom currículo, a ideia é que o jovem ajude a destravar os gargalos econômicos, fortalecendo o empresariado municipal, onde circula com desenvoltura. Ou seja, o governo se aproxima ainda mais da classe empresarial, de olho, claro, numa sinalização importante para o processo eleitoral. Na política observa-se claramente o fortalecimento do PSB, partido do prefeito. A sigla sai de uma secretaria, que era de Agricultura, e passa a ter três. Primeiro temos a Roselane de Araújo, que é peça importante dentro do PSB. Entrou na Secretaria de Desenvolvimento Social. Ela foi candidata a vereadora duas vezes, mas bateu na trave. É servidora efetiva, com trabalhos prestados na cidade. Depois vem a Thatiana Cardoso, que assume a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, também socialista. Além disso, várias pessoas do PSB, a pedido da executiva municipal, entraram ou tiveram ajustes, para cima, dentro da estrutura administrativa. São uns seis nomes que ganham evidência. Sem tiver espaço para poesia na política, pode-se dizer que as mexidas do prefeito caracterizam um reencontro dele com PSB. Mas não acaba aí. Passarinho me contou que ao acenar para sua sigla, Victor caminha para trazer de volta ao ninho socialista o ex-vereador Alexandre Bastos, e o também ex-vereador Fassarella. Nomes de peso eleitoral para as eleições proporcionais. Por fim, outro aceno, mas desta vez para o PDT. Fabrício do Zumbi, também ex-vereador e liderança importante do maior bairro de Cachoeiro, acaba de entrar no governo. É o primeiro passo para uma futura aliança com o partido de Sérgio Vidigal. É o realinhamento administrativo do prefeito que, com isso, mexe não apenas no seu governo, mas no tabuleiro eleitoral da cidade. Mescla o técnico e o político, apostando em melhorar as chances de sua pré-candidata Lorena Vasquez, e fazendo boas entregas ao povo de Cachoeiro. ***************************************************** Parágrafo à parte, encerro com a entrada do jovem e experiente jornalista Filipe Rodrigues na Comunicação da prefeitura. Com 38 anos, mas de currículo extenso, já foi secretário em Presidente Kennedy e até mês passado em Marataízes. Agora volta a Cachoeiro onde iniciou na vida pública comandando esta mesma pasta no Governo Carlos Casteglione. Ele mescla o técnico com o político e tem excelente trânsito no jornalismo regional. Fora o defeito de ser vascaíno, é mais um bom nome que entra.
Paulinho Mineti marca gol de placa e consolida seu nome na região Sul-Serrana
Quase um ano antes de encerrar um ciclo vitorioso na sua curta vida de homem público, o prefeito Paulinho Mineti (Cidadania) marca um gol de placa ao anunciar a criação da Guarda Municipal de Venda Nova do Imigrante. Embora Segurança Pública seja atribuição do Estado, nos municípios onde já existe a Guarda Municipal, caso de Cachoeiro de Itapemirim, é notório o avanço no setor. A população se sente mais segura e passa a contar com mais um ente em sua defesa, da sua família e do seu patrimônio. A Guarda de Cachoeiro foi criada há décadas pelo ex-prefeito Theodorico Ferraço (PP). De lá para cá vem aprimorando sua atuação. Só um exemplo: quando nasceu era desarmada, e hoje já evoluiu a ponto de usar armas. Outra função importante dos guardas municipais na maior cidade do Sul é cuidar do sistema de videomonitoramento, que fortalece de sobremaneira a segurança. Ou seja, uma vez aprovada pelos vereadores de Venda Nova do Imigrante, a criação da Guarda dá um passo importante para uma cidade mais segura. Os guardas têm tudo para formar uma importante parceria com a população e com as Polícias Militar e Civil, tornando-se mais uma ferramenta no bem estar de todos. E uma vez efetivada, haverá paulatinamente uma evolução das funções. O prefeito Paulinho Minetti é uma grata revelação política da região Sul-Serrana. Ao lado do prefeito de Ibatiba, o Luciano Pingo (Republicanos), vem tomando conta do cenário das montanhas com seriedade, competência e sobretudo humildade. Mineti é um cara simples e do povo. Aprendeu no curso de História quando se tornou professor que o poder só vale a pena se exercido em favor do povo. É notório que também teve um bom professor: o ex-prefeito Bras Delpupo, de quem foi vice e acabou assumindo por um capricho do destino. Ao assumir, ainda inexperiente e de forma abrupta, teve a capacidade de se inventar na política. Mesmo com pouco tempo no poder, pouco mais de um ano, conseguiu se reeleger derrotando um gigante local: o ex-prefeito Dalton Perim (MDB). Vereador uma vez e com dois mandatos de prefeito, Paulinho Mineti está apenas começando. Poderá encerrar seu mandato ano que vem, e, pacientemente, esperar um novo teste nas urnas, tentando, quem sabe, uma vaga na Assembleia Legislativa. Começaria aí um novo ciclo, agora no Legislativo. Bem mais experiente e pronto para representar Venda Nova do Imigrante em outras arenas políticas, Mineti está à altura de fazer a região das Montanhas voltar a ter um representante local no cenário do Espírito Santo. Seu mandato prova isso.
Em Marataízes, apoio de Breno NilRegi a Jucy passa por 2026
Mais votado nas eleições de 2022 em Marataízes, quando buscou a Câmara Federal, Breno NilRegi (Patriotas) desbancou a então deputada federal Norma Ayub (PP) obtendo 4873 votos. A mulher de Theodorico Ferraço teve 4370 votos. Desde então, considerado uma surpresa nas urnas, sendo inclusive o segundo mais votado na vizinha Itapemirim com 3726 votos, o jovem empresário da padaria maratimba virou um virtual pré-candidato à sucessão do prefeito Tininho Batista (PSB). Mas não será. Em conversa com este escriba, e obviamente sem pedir sigilo da fonte, confirmou que vai apoiar o pré-candidato do PL Junior Jucy, em Marataízes. Após enumerar as possíveis qualidades do “dono do supermercado” revelou também que existe um acordo entre ambos: um apoio em 26 para a Assembleia Legislativa. Portanto, se o atual prefeito Tininho mantiver o interesse em ser deputado estadual já sabe, de véspera, que terá, pelo menos, um concorrente dentro de casa. Tininho é um gigante das urnas e não tem motivos para temer uma eventual candidatura de Breno que, por ser bem jovem e nunca ter tido mandato, ainda engatinha na política. Porém, em uma projeção futura, um quadro com Jucy prefeito tendo toda máquina em favor de NilRegi pode gerar um desconforto eleitoral grande para o atual prefeito dentro do município. Tininho Batista, como se diz no nordeste, ainda está assuntando o quadro eleitoral. Não definiu o rumo que vai tomar no processo eleitoral do ano que vem. É sem dúvida o maior cabo eleitoral de Marataízes. Contudo, transferência de votos é um fator misterioso dentro do mundo eleitoral. Cientistas políticos de todos os campos ideológicos e em todas as teses ainda são incapazes de cravar o tamanho do poder que um líder tem na hora de pedir votos para outrem. Logo, a definição do rumo eleitoral do atual prefeito é peça fundamental na construção do seu futuro. Enquanto ele assunta, a oposição vai se construindo, até porque ela não tem nada com a indefinição que por hora cerca o grupo de Tininho quanto ao nome a ser escolhido para as eleições do ano que vem. “Haja o que hajar”, como diria o folclórico Zé do Óleo aqui no Baiminas em Cachoeiro (bairro do nosso saudoso Evaldo Batista), já é sabido que Breno NilRegi e Jucy estão juntos agora e provavelmente no futuro. E isso, por si só, já é combustível para levar cautela aos grupos de Tininho e do pré-candidato Toninho Bitencourt (Podemos). Se Breno, sozinho, causou um estrago grande na candidatura de reeleição de Norma Auyb, ele apoiado por mais políticos e, quiçá, por um prefeito, pode ir muito mais além. A conferir. **************************************************** “Sodade, meu bem, sodade / Sodade do meu amor / Foi-se embora, não disse nada / Nem uma carta deixou” – Zé do Norte (Sodade Meu Bem, Sodade)
Postura de Léo Camargo traz estragos a Juninho Corrêa e reflexão do eleitor
O vereador Léo Camargo (PL) está sendo acusado de peculato e danos ao patrimônio público pela Procuradoria da Prefeitura de Cachoeiro. O caso, que estourou nessa semana, passaria despercebido como apenas mais um nhénhénhém entre Executivo e Legislativo Brasil afora se aqui no município o seu partido não tivesse um pré-candidato a prefeito com boas chances de ganhar a eleição. A postura, diríamos assim, nem tão republicana revelada pelo videomonitoramento do município, extrapola o direito do vereador de investigar as ações do Executivo, mostrando a que ponto um agente público pode chegar quando o intuito é chamar a atenção e atribuir a outros culpa pelo que não foi feito. O objetivo parece óbvio: ganhar votos, afinal a campanha eleitoral é logo ali Não há outro combustível além do voto que possa alimentar tanta peripécia pública deste vereador, que vira e mexe prefere usar as redes sociais para chamar a atenção ao invés de ater-se ao trabalho silencioso do gabinete para analisar Projetos de Lei e neles propor melhorias para a população. Mas o ato do tal vereador, que ainda será investigado, nos revela algo além do fato em si, que é bem mais importante, dada a engrenagem política que o circunda. O que esperar de um Juninho Corrêa, também do PL, sentado na cadeira de prefeito da maior cidade do Sul do Espírito Santo? Por serem do mesmo partido, a postura bélica do vereador e sua maneira nem tão natural de exercer o mandato, faz a imaginação do eleitor direcionar-se ao candidato do partido. Como seria uma eventual gestão Juninho Corrêa, que, ao que parece, concorda com as atitudes intempestivas do seu colega? O projeto eleitoral do PL para a cidade é algo consistente ou tão volátil quanto as atitudes do vereador Léo Camargo? O voto da direita cresceu em Cachoeiro nos últimos anos, e o pré-candidato Juninho Corrêa busca se beneficiar disso para se tornar prefeito. Normal. Mas na hora do voto, escancaram-se os problemas e a necessidade de resolvê-los. Independentemente se o candidato é de esquerda ou direita. É preciso um diálogo franco, olho no olho com o eleitor. Não haverá tempo para os subterfúgios das redes sociais. E a pergunta é essa: qual a postura que de Juninho Corrêa na hora de pedir esse voto? Será o de propostas palpáveis ou de pirotecnias? Se for a mesma postura que a do seu colega Léo Camargo… Um projeto equilibrado Cachoeiro é uma cidade que não anda sem os apoios do Governo Estadual e Federal. Os recursos próprios não cabem para atender sua imensa população. Somos pobres percapitamente falando. Ou se apresenta um candidato capaz de dialogar com todos esses atores, independente de quais partidos sejam, ou mergulharemos em um caminho de consequências inimagináveis. Diante dessa reflexão, e da postura, diríamos assim, vacilante do vereador do PL, bem como do silêncio de seus pares ante a esse comportamento, a dúvida é saber que projeto os pretensos eleitores da direita terão para acreditar e votar. Um homem sentado na cadeira de prefeito precisa de equilíbrio. Antes de fazer marola política e graça para seu público, precisa criar convergências, fugindo dos conflitos inúteis que podem levar sua cidade ao caos. Juninho Corrêa está preparado para isso? A tirar pelo comportamento do vereador Léo Camargo, a resposta é óbvia. O pré-candidato fez até um vídeo semana passada junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Francamente não sei o que isso acrescenta para sua candidatura. Tudo que o ex-presidente não conseguiu ser foi um agente público equilibrado na cadeira que sentou. Criou atritos desnecessários e turbulências políticas que poderiam ter levado o Brasil ao caos. Brigas intermináveis ao invés de pontes sólidas. Se esse for o comportamento político que Juninho Corrêa quer trazer para Cachoeiro, de fato a postura do vereador Léo Camargo serve de alerta incontestável ao eleitor cachoeirense porque revela, de véspera, o que esperar de um eventual mandato. E tudo que Cachoeiro não precisa é de instabilidade.
A Lagoa do Mar de Marataízes
“Deus quer; o homem sonha; a obra nasce” – Fernando Pessoa No início deste ano, começava a revitalização da Lagoa do Meio. Obra apelidada por mim em um artigo como a “Central Parque de Marataízes”, dada a importância turística que ganharia depois de pronta. Pois bem, passado pouco mais de um ano, não errei o prognóstico. A obra ainda em execução, mas já bem adiantada, não precisou terminar para se transformar em atração. Olhos estupefatos acompanham as máquinas transformando em rara beleza um lugar bem no coração de Marataízes. Antes esquecida, suja, maltratada, agora a Lagoa do Meio começa ganhar a importância que merece como elemento natural e embelezador de uma cidade que não é só mar. Quem vê não acredita que ali, bem ali, entre casas e ruas, adormecia moribunda uma lagoa que precisava de carinho. De uma nova roupa. Uma obra com recursos do Governo do Estado, mas sonhada pelos olhos de um prefeito idealista. As imagens de agora, antes ocultas, revelam quase nos braços do mar uma princesa que namora suas águas salgadas, formando um desenho que enriquece a paisagem maratimba tal qual a um casal de mãos dadas pelas areias. De orla nova, também sonhada pelo mesmo idealista, o mar galanteia sua namorada, num vai e vem nupcial. E ela, igualmente bonita, lhe sorri retribuindo, sem o temor de não ser correspondida. Apaixonados e de roupa nova, lagoa e mar aparecem bem no centro de Marataízes completando agora o cenário idealizado por um homem que sonhou alto e viu a obra nascer, com a permissão de Deus. A obra não terminou. Ainda falta muito. Mas já não falta mais nada na pérola capixaba!
Em Itapemirim, faltam ao Dr. Antônio gestão e a liturgia do cargo
Circulou nesta segunda-feira (20), dia em que coincidentemente marcou a chegada do outono – período caracterizado por noites mais longas – um vídeo deprimente do prefeito de Itapemirim Dr. Antônio (PP). Pela imagem e palavras ditas, realmente percebe-se que as noites serão longas em Itapemirim. Mas a imagem diz mais que as palavras e expõe a gravidade do quadro. O prefeito diz em alto e bom som que a prefeitura deve R$ 170 milhões. O valor é alto, mas não é isso que assusta quando se trata de um município que tem condições de enxugar as despesas e planejar esse pagamento a fornecedores. É preciso um choque de gestão, com responsabilidade e conhecimento, qualidades administrativas que parecem faltar na boa, mas perdida, figura de Dr. Antônio. O que assusta é exatamente a imagem de um prefeito derrotado, sem planejamento para solucionar o problema e que ainda escolhe o pior lugar para dar aos cidadãos uma notícia grave dessas: um campo de terra, sujo, sentado em uma cadeira enferrujada, debaixo de uma trave enferrujada, cheio de entulhos em volta, sol escaldante, boné na cabeça, e com uma mensagem sem perspectiva e desanimadora para o povo. O prefeito de Itapemirim está sem rumo, derrotado, abatido. E quando se esperava ouvir dele uma frase alentadora no final do vídeo, ele apenas diz: “Mas eu tenho um projeto que se chama Jesus”. Ora, ora, alguém precisa sacudir esse homem e dizer a ele que Jesus é um projeto de vida, pessoal, religioso, e que toda pessoa de boa vontade deve ter; mas isso, por si só, não resolve os problemas que precisam de esforço e planejamento para serem resolvidos. Além de um projeto que se chama Jesus, que tem, ele precisa de um projeto de governo, que não tem. Devemos temer a Deus, colocá-lo na frente de tudo que a gente faz, mas sabendo que ele requer de nós atitude, coragem e inteligência para vencer as dificuldades do mundo. Seus antecessores, Zé Lima (PDT) e Dr. Thiago Peçanha (Republicanos), a quem o prefeito acusa de terem deixado dívidas, também falavam de Jesus todo dia, mandavam mensagem e etc, mas isso não fez deles os escolhidos de hoje para governar uma cidade e resolver os problemas. O escolhido é você, Dr. Antônio, que, igualmente a eles, também acredita em Jesus. Então, pergunto: além de serem iguais na fé e no amor a Jesus, o que os diferenciam? Deveria ser um plano de governo. O povo votou em você acreditando nas suas diferenças em relação aos antecessores, e não por aquilo que os fazem iguais. Nenhum prefeito vira prefeito sozinho. Projeto eleitoral é feito a várias mãos. É preciso que os partidos e as lideranças que compuseram e arquitetaram esse projeto de governo que aí está chamem o prefeito e ajudem. Não pode, sobretudo, o prefeito parecer sem rumo porque aí tira toda a esperança daqueles que acreditam nele. Faltam ainda quase dois anos para o governo de Dr. Antônio acabar, mas quem vê aquele vídeo que ele fez, parece que o governo já acabou. A imagem, antes de ser aterrorizante, é um chiste, até porque a dívida é totalmente sanável. Mas a alegoria esconde, na verdade, falta de gestão. Segundo nossas fontes, ligadas a contas públicas e profundas conhecedoras da realidade de Itapemirim, o problema é orçamentário e não financeiro. O recurso permanece entrando mês a mês, ocorre que esse recurso fica preso a um orçamento mal gerenciado: receita certa para o caos vivido pela atual administração. Por fim, cabe ao prefeito, antes de mais nada, a liturgia do cargo. Notícia séria dessas não se dá como se estivesse fazendo um mutirão de limpeza num bairro. É sentado, no gabinete, se possível em companhia de secretário de Fazenda, detalhando a quem deve, quanto deve, e com um planejamento para sanar a dívida. De preferência ainda, com a imprensa presente, para que seja dada ampla publicidade à gravidade do fato. Dívidas da gestão se resolvem no gabinete. De terno e com secretariado. Mutirão para falar de iluminação, área de lazer e limpeza, se faz na rua, de boné e com equipe de rua. Projeto que envolve Jesus, se faz na Igreja, com a família e com os irmãos de fé. Há tempo para tudo, está na bíblia. Então, a bondade quando for bom ser bom; a justiça quando for melhor; e o perdão, se for preciso perdoar. Por fim, Dr. Antônio, a quem tenho estima pelo bom caráter que é, fica a última sugestão: use filtro solar no próximo vídeo. O sol tá de lascar! ***************************************************** “Preciso refrear um pouco meu desejo de ajudar / Não vou mudar o mundo louco dando socos para o ar / Não posso me esquecer que a pressa é a inimiga da perfeição” – Cada Tempo Em Seu Lugar (Gilberto Gil)
Intendente sábio não antecipa processo
A conta – política e às vezes financeira – costuma ser cara, por isso a antecipação do processo eleitoral não é tarefa para quem administra. Intendente que se propõe a discutir eleição cedo demais, sobretudo se ele já foi reeleito, pode estar procurando problema e esquecimento. É difícil crer que Victor Coelho, que por acaso já foi reeleito e portanto se encaixa neste exemplo, esteja tratando de sucessão a quase dois anos de findar seu mandato e com a cidade fervilhando em obras. Gostaria ele de ser esquecido tão cedo assim e dar o centro das atenções à prefeitáveis de véspera? Com a tarefa de entregar as muitas intervenções que acontecem em Cachoeiro, principalmente a de macrodrenagem orçada em R$ 55 milhões, me surpreenderia muito se Victor Coelho estivesse articulando nome para sucedê-lo tão cedo. E não está. Digo isso tão seguro quanto a zaga do Flamengo em dia de clássico… quero dizer, digo sem segurança, mas digo. Victor lidera uma gestão que tinha tudo para estar no ostracismo. Não vou aqui relembrar os grandes desafios dela para não ocupar linhas, mas é quase um milagre que esteja muito vivo politicamente e, ouso dizer, voando e olhando de cima o cenário futuro que se desenha. A cara de garotão e o jeito simples fazem do prefeito um desenho da figura que definitivamente ele não é: um neófito político guiado por terceiros. Victor é sabido, e para comprovar isso basta dizer que ninguém é prefeito duas vezes de uma cidade tão importante quanto Cachoeiro ingenuamente. O prefeito sabe o tamanho que tem e que terá quando chegar lá em meados do ano que vem e tiver – ou não – que apoiar um nome para sucedê-lo. Sabe que se entregar as obras que estão em andamento na cidade entrará no debate político em condições de influenciar amplamente os caminhos sucessórios. Por isso, me estranharia muito que estivesse, já agora, nesse debate eleitoral. Não está. Ao governante, antes de tudo, a governança. ***************************************************** Contudo, o fato de o prefeito de Cachoeiro não participar do debate pré-eleitoral, não significa que ele não esteja acontecendo. As peças se movimentam buscando arrastar Victor para o vulcão, que foge dele. Vacinado contra o debate eleitoral precoce, deixa para os que desejam seu lugar a ocupação de fazê-lo. E nesta erupção pré-eleitoral, reparo com reticências o convite feito pelo Podemos para levar para a sigla o jovem Diego Libardi (Republicanos), noiva cobiçada nessa tentativa de casamento com o Palácio Bernardino Monteiro. O mundo político fervilha com a possibilidade de formação de federações partidárias, que fará a junção de diversas siglas. Posto isso, uma mudança de ninho neste momento pode ser precipitado ante a uma consolidação de forças que ainda se adéquam. Melhor seria esperar. Até porque o prazo eleitoral existe e o amanhã ainda é distante. ***************************************************** “E se hoje não fosse essa estrada / Se a noite não tivesse tanto atalho” – O Amanhã é Distante (Geraldo Azevedo)
O fim do resguardo de Diego Libardi
Depois das eleições passadas, onde obteve no geral 18.784 votos, sendo 14.584 só em Cachoeiro, o advogado Diego Libardi (Republicanos) entrou em período de resguardo. Tanto pelo pós-eleitoral, quanto pelo nascimento do seu filho Noah. Primogênito crescidinho e lambidas feridas pela não eleição para deputado federal, Diego botou o pé na estrada nesta semana. O foco é a disputa pela prefeitura de Cachoeiro. Algumas agendas feitas em Vitória mostram que o jovem é tratado como projeto de seu partido e também de outros, uma vez que as conversas incluíram o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, e gente de outras siglas, em momentos diferentes. Os movimentos de Diego em Vitória, revelados a este que escreve por uma raposa felpuda, que pediu anonimato, mostram que o rapaz ganhou tamanho devido as duas performance eleitoral que teve, em 2020 e 2022. Mesmo sem mandato, Diego entra, após o descanso eleitoral, no patamar de nomes que podem ou devem figurar como prefeitáveis ano que vem. Apesar desse movimento ser meio óbvio, passa a ganhar contornos de realidade na medida que deixa de ser algo pessoal, conduzido apenas por ele mesmo, e envolve siglas importantes do estado. Ninguém é projeto político dele mesmo, me falou certa vez Roberto Valadão (MDB), com olhar de professor. Aliás, Diego, que por acaso já foi secretário municipal do ex-prefeito de Cachoeiro, também bebeu do percuciente saber político do velho líder emedebista, e portanto não é jogador que possa ser considerado neófito no ramo. Tem certa rodagem no meio político/partidário, embora jovem. Por exemplo, Diego aprendeu com Valadão, que tem o grave defeito de ser vascaíno, mas a virtude de uma vida pública vitoriosa, a necessidade de debater projetos antes de nomes. Tanto que quando foi candidato lá em 2004, o emedebista já tinha em mãos “Um Plano Para Cachoeiro”, documento com diretrizes para governar, caso vencesse a eleição… Como venceu. Por isso, um interlocutor ficou bastante impressionado ao ouvir do Libardi, lá na capital, que é necessário que se construa um projeto administrativo para Cachoeiro antes de se discutir nomes. Documento confeccionado com lideranças e partidos que desejem chegar ao Palácio Bernardino Monteiro. Ta aí uma boa ideia do Diego e que vale para todos os prefeitáveis. Antes de se intitularem candidatos, que tenham em mãos ideias de como gerir uma cidade complexa, problemática e de recursos escassos como Cachoeiro. ************************************************************************************************** “Tanta coisa que eu tinha a dizer / Mas eu sumi na poeira das ruas” – Sinal Fechado (Paulinho da Viola)