No documentário “Pelé Eterno”, o rei do futebol lembrou seu pai, Dondinho, que lhe disse para parar no auge.
Theodorico de Assis Ferraço, com quase 90 anos, grande político capixaba, talvez um dos maiores, deveria ouvir o conselho do velho Dondinho ao seu filho e encerrar a carreira no auge, com mandato de deputado estadual, grandeza dada a ele pelo povo do Espírito Santo.
Prefeito de Cachoeiro por quatro mandatos, não deve e não pode deixar que insistam nessa ideia tola de alimentarem por aí essa conversa de que será candidato a prefeito de Cachoeiro de Itapemirim. Não será. O tempo é implacável a certas atividades que requerem muito esforço físico de todos nós, e a vida pública é um deles.
Longe de dizerem que é preconceito aos idosos para quem tem uma mãe de 83 anos em plena atividade como eu. Ao contrario, é respeito a Ferraço e a sua história: grandiosa. Não tenho convívio com ele, mas tenho admiração desde o dia em que soube que o velho político capixaba era admirador de Leonel de Moura Brizola. Também sou.
Trabalhei com o saudoso deputado federal Camilo Cola quando estava no auge do mandato. Um dia, na conversa regada ao “Chumbo” (Chivas) no seu apartamento em Guarapari perguntei por que ele não disputava a prefeitura de Cachoeiro. Falou que não tinha mais idade pra tamanha aventura. Ponto.
Ferraço não será candidato a prefeito de Cachoeiro. Na ultima vez que foi perdeu. Não será mais. Não tem idade para ser, dada a sacrificante atividade física que a disputa ao cargo impõe. Quem alimenta isso não respeita a história dele. Eu respeito, embora desnutrido de apreços maiores por ela diante de conceitos públicos divergentes. Ferraço foi grande politicamente, mas não é mais.
A disputa em Cachoeiro está traçada entre outros nomes, que não o dele. Influente ainda é. Pode dar votos, pode. Merece consideração e respeito, sim. Mas não será candidato. Quem planta essa conversa por aí não gosta dele, não respeita a carreira vitoriosa ferracista.
A carreira dele continuará no filho, o vice-governador Ricardo Ferraço, que ele introduziu na política ao dá-lo o primeiro mandato público como vereador em Cachoeiro. Nas mãos do herdeiro poderá chegar ao Palácio Anchieta. Nada mais que isso. Deve aceitar e ajudar, se tiver desprendimento.
A inexorabilidade do tempo é condição a todos. Ensinou Dondinho. Aprenda Ferraço.
Foto: Seculo Diário