O prefeito de Marataízes, Toninho Bitencourt (Podemos), deu uma entrevista coletiva no dia 28 de janeiro. Ao expor como assumiu o cargo, declarou ter encontrado R$ 150 milhões de dívidas. E três dias depois, o ex-prefeito Tininho Batista (PSB) protocolou requerimento na prefeitura pedindo esclarecimentos sobre os números divulgados.
Os passos desse enredo político devem desencadear para um conflito entre os grupos do atual e do ex, gerando uma instabilidade no município antes do momento calculado. Imaginava-se que ambos não conviveriam bem, mas que essa rivalidade política não explodisse tão rapidamente. Mas explodiu.
Não se trata apenas de procedimento normal. Quem conhece o bastidor local enxerga, tanto na coletiva de Toninho Bitecourt, quanto nesse pedido feito por Tininho Batista, como o estopim de uma crise que vai durar quatro anos.
Após ouvir os números sobre o possível rombo, o ex-prefeito está solicitando, diretamente ao atual, por certidão ou outro documento oficial todas as informações referentes ao exercício fiscal, tributário, orçamentário, contábil e financeiro do ano 2024, das seguintes natureza:
– valor total das dívidas quando do encerramento do mandato de 2021 a 2024.
– detalhamento dos valores por tipo de dívidas e seus critérios de classificação.
– origem dessas dívidas por contrato ou empenho identificando de qual secretaria municipal.
– identificação dos credores, valor do seu respetivo (sic) contrato ou empenho, valor da dívida e quanto lhes foram pagos.
– saldo bancário das contas e aplicações, individualizadas, quando do término no dia 31 de dezembro de 2024.
Parece apenas guerra númerica, mas não é. Existem mais coisas entre a entrevista coletiva do dia 28 de janeiro e o requerimento protocolado no dia 31, do que sonha o imaginário do turista que se banha nas águas maratimbas sem conhecer a fundo a política local.
Mesmo que se esclareça os números, esse impasse político vai continuar até as eleições de 2026, passando antes por caminhos de resultados incertos, tipo as contas do ex-prefeito que ainda serão votadas na Câmara Municipal. Não são só números em jogo. Antes de tudo é a política no centro da disputa.