Uma ação orquestrada da Prefeitura de Cachoeiro nesses dois últimos dias mostra como o governo Victor Coelho (PSB) vai passar a agir nesse pré-processo eleitoral: não vai tolerar ataques gratuitos sejam eles de onde venham.
Tratando de colocar as filmagens do vereador Léo Camargo (PL) no campo das fake news, além de dois secretários divulgarem vídeos respondendo, causou surpresa a participação do próprio prefeito em uma postagem onde defende a honra da sua gestão. Que, não custa frisar, não tem uma ação de improbidade em 7 anos.
Não é típico do prefeito Victor fazer tais postagens, por isso essa chama a atenção. Apelidado como prefeito Bossa Nova, dado o estilo tranquilão e despojado com o qual ele leva sua passagem na prefeitura, a reação victoriana aos ataques ao seu governo mostra um novo perfil antes de deixar o poder. E quando isso acontece é bom que aliados e, principalmente, adversários fiquem atentos.
Antes de atingir um palácio para tentar derrubá-lo, os adversários avançam contra as províncias do reino, enfraquecendo os sustentáculos periféricos. Ninguém avança contra o rei antes de enfraquecê-lo. O prefeito percebeu que não pode deixar que secretários nos quais ele confia sejam entregues à própria sorte a um ano das eleições, sob pena de ter todo seu governo contaminado até o pleito.
Victor Coelho mostra com essa postura que vai vender caro o processo eleitoral. Não vai aceitar passivamente que pretensos pré-candidatos achincalhem seu governo. O primeiro alvo foi o PL, já que o grupo do prefeito entende o vereador Léo é mero pau mandado do verdadeiro interessado em desestabilizar a administração: o pré-candidato Juninho Corrêa.
Mas as novas ações do prefeito não devem ficar por aí. Há uma promessa de balançar a roseira internamente. E para bom entendedor, sobretudo aqueles que adoram as benesses da caneta, meia tinta no papel basta. Ainda faltam 13 meses para o fim do governo. Tempo suficiente para ajustar a unidade e testar a fidelidade de muitos que comeram no prato palaciano esse tempo todo, mas que agora se encantam por outros projetos.
Por fim, o prefeito ainda observa atentamente o movimento dos dois deputados estaduais (Bruno Resende – União Brasil – e Allan Ferreira – Podemos) que apesar de serem considerados aliados andam por aí malhando o seu governo. Há quem ache que independente do tratamento dos deputados ao prefeito, na hora H o governador Renato Casagrande (PSB) chama e junta tudo e todos. Ledo engano.
O comportamento de agora pode ser fator determinante para o futuro. Victor passou a mostrar que não vai ouvir e muito menos assistir calado. E não dá para duvidar de quem sobreviveu a uma pandemia, a uma enchente sem precedentes, a uma greve da PM e ainda assim se reelegeu de pés nas costas.