O vereador Léo Camargo (PL) está sendo acusado de peculato e danos ao patrimônio público pela Procuradoria da Prefeitura de Cachoeiro. O caso, que estourou nessa semana, passaria despercebido como apenas mais um nhénhénhém entre Executivo e Legislativo Brasil afora se aqui no município o seu partido não tivesse um pré-candidato a prefeito com boas chances de ganhar a eleição.
A postura, diríamos assim, nem tão republicana revelada pelo videomonitoramento do município, extrapola o direito do vereador de investigar as ações do Executivo, mostrando a que ponto um agente público pode chegar quando o intuito é chamar a atenção e atribuir a outros culpa pelo que não foi feito. O objetivo parece óbvio: ganhar votos, afinal a campanha eleitoral é logo ali
Não há outro combustível além do voto que possa alimentar tanta peripécia pública deste vereador, que vira e mexe prefere usar as redes sociais para chamar a atenção ao invés de ater-se ao trabalho silencioso do gabinete para analisar Projetos de Lei e neles propor melhorias para a população.
Mas o ato do tal vereador, que ainda será investigado, nos revela algo além do fato em si, que é bem mais importante, dada a engrenagem política que o circunda. O que esperar de um Juninho Corrêa, também do PL, sentado na cadeira de prefeito da maior cidade do Sul do Espírito Santo?
Por serem do mesmo partido, a postura bélica do vereador e sua maneira nem tão natural de exercer o mandato, faz a imaginação do eleitor direcionar-se ao candidato do partido. Como seria uma eventual gestão Juninho Corrêa, que, ao que parece, concorda com as atitudes intempestivas do seu colega? O projeto eleitoral do PL para a cidade é algo consistente ou tão volátil quanto as atitudes do vereador Léo Camargo?
O voto da direita cresceu em Cachoeiro nos últimos anos, e o pré-candidato Juninho Corrêa busca se beneficiar disso para se tornar prefeito. Normal. Mas na hora do voto, escancaram-se os problemas e a necessidade de resolvê-los. Independentemente se o candidato é de esquerda ou direita. É preciso um diálogo franco, olho no olho com o eleitor. Não haverá tempo para os subterfúgios das redes sociais.
E a pergunta é essa: qual a postura que de Juninho Corrêa na hora de pedir esse voto? Será o de propostas palpáveis ou de pirotecnias? Se for a mesma postura que a do seu colega Léo Camargo…
Um projeto equilibrado
Cachoeiro é uma cidade que não anda sem os apoios do Governo Estadual e Federal. Os recursos próprios não cabem para atender sua imensa população. Somos pobres percapitamente falando. Ou se apresenta um candidato capaz de dialogar com todos esses atores, independente de quais partidos sejam, ou mergulharemos em um caminho de consequências inimagináveis.
Diante dessa reflexão, e da postura, diríamos assim, vacilante do vereador do PL, bem como do silêncio de seus pares ante a esse comportamento, a dúvida é saber que projeto os pretensos eleitores da direita terão para acreditar e votar.
Um homem sentado na cadeira de prefeito precisa de equilíbrio. Antes de fazer marola política e graça para seu público, precisa criar convergências, fugindo dos conflitos inúteis que podem levar sua cidade ao caos. Juninho Corrêa está preparado para isso? A tirar pelo comportamento do vereador Léo Camargo, a resposta é óbvia.
O pré-candidato fez até um vídeo semana passada junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Francamente não sei o que isso acrescenta para sua candidatura. Tudo que o ex-presidente não conseguiu ser foi um agente público equilibrado na cadeira que sentou. Criou atritos desnecessários e turbulências políticas que poderiam ter levado o Brasil ao caos. Brigas intermináveis ao invés de pontes sólidas.
Se esse for o comportamento político que Juninho Corrêa quer trazer para Cachoeiro, de fato a postura do vereador Léo Camargo serve de alerta incontestável ao eleitor cachoeirense porque revela, de véspera, o que esperar de um eventual mandato. E tudo que Cachoeiro não precisa é de instabilidade.