Uma eleição quando concluída é apenas a ponta de um iceberg. As bases são maiores, mais profundas e representam o verdadeiro sustentáculo de um processo que se encerrou no voto, mas que começou bem antes. Por isso o bastidor é bem mais fascinante para os que se dedicam ao observatório político.
Há uns dois anos Leonardo Paiva (para os mais chegados, Léo Pintinho) esteve em Cachoeiro para me falar de um tal Geninho que se estruturava para ser candidato a prefeito em Itapemirim. Geninho? Perguntei. “Sim, Geninho!”, me respondeu confiante e passando a enumerar as qualidades do jovem, até então desconhecido não só por mim, mas por todo meio político do Espírito Santo.
De político mesmo Geninho só tinha o sobrenome Bechara, e ter um sobrenome desse tamanho pode trazer aceitação e rejeição também. Talvez por isso lá atrás o Leó tenha percebido que era bom não explorá-lo e assim não o fez. Geninho inicialmente era só Geninho Alves… Geninho Dentista… e depois só Geninho. Agora Geninho Prefeito.
O diminutivo dos nomes Geninho e Pintinho deram rima, e se tornaram grande naquele velho sentido real de que a união faz a força. E fez, a ponto de tornar o primeiro o prefeito eleito, e o segundo, o maior articulador político de Itapemirim no momento atual.
Geninho cresceu como homem público porque teve a humildade de enxergar no seu amigo e articulador Pintinho um nome que poderia abrir a ele as portas da política do Espírito Santo. Trabalhou e confiou, como sugere a bandeira do estado. E acreditou e um jovem que amadureceu muito desde 2013 para cá.
Quem conheceu Léo em 2013, como eu, época em que entramos e estivemos juntos no Governo do Dr. Luciano, repara nele um amadurecimento político que só o tempo pode fornecer. O Léo afoito de então transformou-se em um político de bastidor moderado e equilibrado, que pensa antes para falar depois, e age de acordo com a sensatez necessária para levá-lo a construções maiores.
Construção como essa do dia 6 de outubro. Não fez sozinho, claro. Mas iniciou um processo de percepção que poucos de Itapemirim tiveram. Numa peneira futebolística, poderia se dizer que ele foi o cara capaz de enxergar entre tantos jovens um que poderia ser um craque no futuro. Garimpou o talento desconhecido ao nível de transformá-lo prefeito.
Dentro do processo eleitoral houve descrédito e desconfiança. Não só por conta do pré-candidato desconhecido, mas em relação ao próprio Léo, que vinha de um processo político que deu errado 2013. Numa conversa de bastidor em que participei com ele e com um também pré-candidato a prefeito, ainda em 2023, saí com uma percepção clara do encontro e que explicitei a demais interessados: Léo amadureceu.
E foi isso. Casou o amadurecimento de Léo Pintinho com o carisma político do jovem Geninho que agora os fazem entrar pela porta da frente da Prefeitura de Itapemirim.
O prefeito eleito tem a chance de construir uma bela carreira política se aproveitar as oportunidades; e Léo Pintinho a chance de se reencontrar com a própria história iniciada em 2013 e retomada agora, bem pelo alto, onde tremula o pavilhão vermelho e preto do clube do seu coração.
Nomes de peso da política de Itapemirim foram colocados no bolso por esse novo ciclo que atropelou adversários, e firmou hastes para um tempo novo, que esperamos que se consolide, terminando com um grande processo de instabilidade no qual o município vive.