O disse-me-disse entre o prefeito Theodorico Ferraço (PP) e o vereador João Machado (PDT), nos últimos dias deste ano, não é fator que define a relação entre os dois poderes cachoeirenses. A verdade é que Executivo e Legislativo vivem uma lua de mel e que vai continuar neste 2026 que está prestes a se iniciar.
Realmente prefeito e vereador discutiram lá no CMU (Centro de Manutenção Urbana). Mas foi um fato isolado. Debaixo dessa espuma reina águas tranquilas. Ferraço nada de braçada na Câmara Municipal.
O prefeito teve todos os seus pleitos atendidos, e raramente existiram votos contrários aos seus projetos encaminhados. Até o empréstimo de R$ 50 milhões que a administração quer fazer foi autorizado pela maioria esmagadora. Apenas dois votos contra. Um do vereador Coronel Fabrício (PL), que lhe faz oposição moderada e equilibrada, e outro do próprio João Machado.
E como já está escrito no primeiro parágrafo, o ano que vem vai ser do mesmo jeito. Apesar de ser ano eleitoral, boa parte dos vereadores seguirá a cartilha. É isso que tenho escutado dos edis com os quais converso. Dois fatores contribuirão para a manutenção da boa relação:
– O primeiro é a esperança de que em 26 o prefeito seja mais generoso e atenda mais e melhor os pedidos feitos. Os vereadores não estão totalmente satisfeitos, mas estão compreensivos e solidários com Ferraço porque entendem que ele pegou um orçamento do governo anterior, e também enfrenta as dificuldades naturais de um primeiro ano de gestão. Que o próximo ano venha com mais nomeações de aliados e com obras nos seus redutos, é o que pedem os vereadores ao Papai Noel Ferraço.
– O segundo fator que unifica a base ferracista na Câmara é exatamente o que costuma desagregar: a eleição. Parece contraditório, mas não é, porque quem está no páreo é justamente o filho do prefeito, o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB). A maior parte dos vereadores de Cachoeiro está apoiando Ricardo para suceder Renato Casagrande (PSB) e entende que uma boa gestão do pai vai pesar na eleição estadual. Até os 4 vereadores do PSDB não devem embarcar na aventura Arnaldinho, pré-candidato a governador pela sigla. Portanto, seguirão juntos em nome do pai e do filho.
Além dos dois elementos contribuidores, há um outro que ajudará Ferraço em 2026. Até agora, pelo que se sabe, apenas três vereadores devem ser candidatos a deputado estadual. Ou seja, não haverá desarranjos maiores na configuração política posta hoje, porque poucas candidaturas contribuem para pouca turbulência e poucas brigas no Legislativo.
Quando há muitos vereadores na disputa, isso desarruma a base porque as vaidades se acirram e os conflitos pelo voto são inevitáveis. Isso pode ter reflexos negativos no dia a dia da Câmara e influir nas votações. Mas, pelo visto, não acontecerá.
Logo, presume-se por tudo isso que Ferraço seguirá tranquilo em 2026 dentro do Legislativo. Como disse, a discussão entre prefeito e vereador foi fato isolado e não vai manchar uma relação pacifica que sempre existiu entre os poderes.
E nem mesmo a conhecida música de Leandro e Leonardo serviria para ser trilha sonora dessa relação vivida entre prefeito e Câmara de Vereadores, porque, a bem da verdade, neste ano não houve tapas, mas apenas beijos.







