Um gigante da advocacia brasileira, o cachoeirense Sérgio Bermudes faleceu nesta segunda-feira (27), aos 79 anos, no Rio de Janeiro. Sua cidade natal, Cachoeiro de Itapemirim, e também o estado do Espírito Santo terão três dias de luto oficial em sua homenagem.

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), lamentou a morte do advogado: “Lamento profundamente o falecimento do advogado e jurista capixaba, cachoeirense Sérgio Bermudes, referência nacional no Direito e orgulho para o nosso Estado. Em homenagem à sua trajetória decretarei luto oficial de três dias em todo o Espírito Santo”.

Da mesma forma, o prefeito de Cachoeiro, Theodorico Ferraço (PP), decretou luto e também lamentou o falecimento de Sérgio, que em um dos momentos mais críticos da cidade, no ano 2020, doou R$ 1 milhão para as vítimas de uma grande enchente: “Neste momento de dor, expresso meu sentimento de solidariedade à família, aos amigos e a todos que com ele conviveram. Que encontrem conforto na certeza de que sua vida fez diferença – não só no Direito, mas na promoção de valores que horam a cidadania”.

Sergio Bermudes fundou o escritório Sergio Bermudes Advogados em 1969.

Atuando há quase 50 anos na advocacia, Sergio Bermudes é reconhecido no meio jurídico e empresarial, como um dos advogados mais importantes do Brasil, pela sua firme e dedicada atuação perante os tribunais, no país e fora dele, bem como pela qualidade da consultoria que presta aos seus clientes.

No início de sua carreira, na década de 1970, Sergio Bermudes patrocinou a causa da viúva de Vladimir Herzog, quando a ditadura se viu pela primeira vez derrotada no Judiciário, que reconheceu que o jornalista fora assassinado quando estava sob a custódia do Exército.

A partir dos anos 80, Sergio Bermudes assumiu a posição de liderança no contencioso cível e na área de reestruturação de empresas, atuando em todo o País, até os dias de hoje, em relevantes questões de inúmeras empresas de grande porte, inclusive na disputa bilionária dos poupadores contra as instituições financeiras, sobre a remuneração das cadernetas de poupança durante a vigência dos planos financeiros das décadas de 80 e 90, que finalmente chegou a um acordo no ano de 2017.

A atuação de excelência de Sergio Bermudes acarretou o crescimento significativo de seu escritório, estabelecido hoje nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, contando com mais de 130 advogados e consultores, à frente de uma moderna e eficiente estrutura de apoio, formada por mais de 250 funcionários e 120 estagiários.

Sergio Bermudes deu início à sua carreira docente em 1970, no magistério universitário, como Professor Assistente de Teoria Geral do Estado da Faculdade de Direito da Universidade do Estado da Guanabara, e como professor regente da cadeira de Direito Processual Civil da Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas do Rio de Janeiro, da qual se tornou titular, aprovado pelo Conselho Federal de Educação, em 1971. Em 1978, assumiu a cadeira de Direito Processual Civil da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, integrando, também, o Conselho de Desenvolvimento dessa Universidade.

Ao longo de sua carreira, integrou inúmeras bancas de concursos para ingresso na magistratura, na Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro, na Procuradoria do Município do Rio de Janeiro e em outros cargos públicos, bem como realizou centenas de conferências em praticamente todas as faculdades de direito do Brasil, em seções da Ordem dos Advogados, em congressos e seminários e em outros eventos jurídicos, no país e no exterior.

Por nomeação do Governo da República, em 1985, integrou a comissão de cinco processualistas designada para proceder à revisão do Código de Processo Civil.

Exerceu, por dois anos, o cargo de Juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro.